sábado, 19 de agosto de 2017

Confira video da entrevista com Batista Lima, ex Limão com Mel

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Já entrou no palco dentro de um grande limão e embalou geração com o 'Forró das Antigas' - termo que não gosta de usar. Surpreendeu a todos com a notícia do desligamento da banda Limão com Mel em 2014. Saiu de emprego e hoje é empregador. Dono do próprio negócio, Batista Lima, ou simplesmente BL, está em carreira solo há três anos e busca renovação no mercado. A informação é do Diário do Nordeste.

Para ampliar o leque de contratantes, vende quatro tipos de shows diferentes. "Além do meu show de forró, faço também apresentação acústica com voz e violão, a montagem 'Encontro das Vozes' com o irmão Edson Lima e também o 'Fenômenos do Forró' ao lado de Kátia Cilene, Walkyria Santos e Eliane, turnê que estreou no shopping Iguatemi, em Fortaleza, e que roda o Nordeste.

No repertório, não abre mão do estilo que o consagrou: o romântico e, principalmente, das músicas do Limão com Mel. "80% das canções de sucesso da Limão são de minha autoria e eu as trouxe para meu repertório", conta.

"Meu estilo é esse. Nada contra o trabalho de ninguém, mas o Batista não combina com canções de bebida e afins. Pessoas me batem se eu fizer isso. Se você me pagar para fazer música de outro estilo, eu não sei", garante.

Mesmos sendo um defensor do romantismo, o artista afirma respeitar as outras tendências e entende que, atualmente, o mercado está mais aberto para outro estilo de letra. "A música hoje consome algo que fala de balada, curtição e 'fica'. É o que povo quer. Se eles querem a gente não pode ir contra, temos só que esperar o nosso momento e continuar naquilo que a gente sempre acreditou".

Novo DVD

Para não perder o embalo, o forrozeiro adaptou o show para o que define como "uma mistura de metaleira, sanfona e sertanejo. Um estilo empolgante e dançante que não perde o romântico". Tudo alinhado com a tradução da carreira na música.

Do próximo plano, Batista revela que vai gravar novo DVD. A cidade escolhida é Fortaleza. O mês para a gravação do trabalho ainda está ainda em definição, mas está entre setembro e outubro deste ano.

Espetáculos

Questionado sobre o passado, o cantor afirma que não há arrependimento de nenhuma atitude tomada na música. Mas, apesar de ter realizado o sonho de ser dono do próprio negócio, existem saudades daquele tempo.

"Sinto falta da estrutura da época. Com a crise é difícil segurar um corpo de balé e estruturas com imensas carretas. Não é fácil para uma banda de forró sobreviver. Quem é empresário, seja da maior a menor banda, sabe que foram feitos cortes por necessidade. Sinto falta de quando não fazíamos show, e sim espetáculos", pontua.

'Faltou união'

Para Batista, o forró poderia ser mais forte. Intrigas forjadas e o companheirismo insuficiente entre cantores são causas, apontadas pelo artista, como elementos que atrasam o ritmo.

"Faltou união na época de ouro. O forró não estaria do jeito que está caso tivesse sido diferente. Agora chegou a hora dos cantores solo, tomara que exista união. Não podemos deixar repetir o que aconteceu com as bandas".

Citando passagem da bíblia - "todo reino dividido contra si mesmo será destruído" - BL segue focando no assunto. "A gente só vê união quando artistas são do mesmo escritório. Se você for do concorrente, aí não são unidos", comenta.

"Cria-se também uma imagem de concorrência as vezes onde não existe, como o caso de Xand e Wesley Safadão. Os dois passaram anos e anos no mercado com os fãs pensando que eles eram rivais. Mas é o contrário, são amigos. Isso não caminha, não evolui", complementa.

Perspectiva

Com a experiência adquirida ao longo dos 41 anos de vida, Batista fala com propriedade do futuro do forró. "Vai haver uma grande peneira na musicalidade nordestina e só vão ficar os fortes. Quem não sabe segurar o público vai parar e ficar para trás".

Quanto a ascensão do sertanejo e a consequente liderança nas paradas musicais, o cantor acredita que o fenômeno é uma fase.

"To aqui para falar a realidade. Teve época que o pagode mandava, do calypso... Esse ciclo que é natural. É preciso ter vez pra todo e tempero para o nosso gosto. Já pensou em um só ritmo dominando a vida inteira? Esse momento vai passar e vai surgir um novo movimento que vai tomar conta do País inteiro".

Nas playlists pessoais, o pernambucano garante ouvir de tudo. "Não quero me tornar aquele velho ranzinza que só quer escutar uma coisa e acha que o resto não presta. Como produtor musical, eu tenho que estar antenado. Escuto música clássica, orquestras, sertanejo, Djavan, pagode, internacional... Não há restrições de gênero desde que haja qualidade", garante.

Apoio

No auge, Batista Lima revela que abriu portas para artistas que estavam iniciando a carreira na época, como Wesley Safadão e Xand Avião.

"Nós não devemos passar por cima de ninguém. Hoje, se você está em evidência e alguém que tá começando pede sua ajuda, lembre-se que esse pode ser o da evidência de amanhã", pontua Batista, relembrando do passado.

"Lembro quando Xand chegou no nosso palco e pediu para cantar. Já pedi palmas para o Wesley no palco. E não fiz isso para querer algo em troca no futuro. É o mínimo que podemos fazer. Deus nos abençoa para que possamos abençoar os próximos", diz

O cantor afirma que a humildade é a principal virtude para os iniciantes. "Não espere o sucesso, não corra atrás das borboletas. Cuide do jardim que elas virão. O sucesso é covarde, ele não vem quando você quer. Faça tudo com amor e por amor", sugere.